domingo, 26 de fevereiro de 2012

Conversa sobre interpretação

Colagem do designer Gabriel Miranda
A arte está em nossa vida. Ela faz parte de nosso dia a dia e necessitamos dela como forma especial de compreensão e de conhecimentos do mundo que nos cerca, das outras pessoas, das outras culturas, de nós mesmos, de nossas emoções, de nossos medos, de nossas esperanças, de nossas possibilidades...
A arte é a linguagem da vida. É por meio dela e de seus símbolos que podemos compreender melhor a humanidade.
Os animais irracionais não produzem arte. Então podemos dizer que essa é uma das atividades que nos torna humanos, pois somos capazes de transformar com criatividade o mundo em que vivemos.
Para usufruir de tudo o que a arte proporciona, tanto quando produzimos como quando apreciamos, desenvolvemos habilidades relacionadas à observação, atenção, memória, análise, síntese, orientação espacial e sentido de dimensão, e aos pensamento lógico e criativo. Tais habilidades nos permitem perceber como os elementos da linguagem artística foram organizados.  
Além disso, precisamos também associar tudo o que observamos com outras informações provenientes dos conhecimentos acumulados por nós e pela cultura humana através dos tempos. É um jogo que, às vezes, mergulhamos na emoção e , às vezes, tentamos fazer uma análise crítica por meio do raciocínio e da razão. 
Enfim, podemos nos entregar passivamente, sem uma participação ativa. A sensibilidade, a inteligência e a vontade são os agentes principais dessa atividade, ao mesmo tempo intelectual e emocional, que é a experiência estética

Trecho do texto " Conversa sobre interpretação", de Jô Oliveira e Lucília Garcez.

 E, para você, o que é experimentar algo visualmente?

Retorno às aulas!

Olá, estudantes!
Depois de merecidas férias, retornamos às aulas com muito gás e criatividade. 
Muitos estudantes se formaram no Bloco Final e muitos estudantes novos chegaram à escola.
O começo de mais um ciclo que, esperamos, seja de paz, alegria e iluminação nos estudos!
A nossos antigos e novos estudantes, sejam bem vindos!

domingo, 2 de outubro de 2011

Vertentes da arte contemporânea - Video arte


Cena da obra " Cremaster 1", do Ciclo Cremaster, do videoartista  americano Matthew Barney


O vídeo e a televisão entram com muita força no trabalho artístico, freqüentemente associados a outras mídias e linguagens. Cada vez mais as obras articulam diferentes modalidades de arte como dança,música, pintura, teatro, escultura, literatura, desafiando as classificações habituais, questionando o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte.


A introdução do vídeo nesse universo traz novos elementos para o debate sobre o fazer artístico.

Matthew Barney

O artista americano Matthew Barney é, sem dúvida, um dos maiores ícones da videoarte. Ele criou um ciclo de videos denominado " The Cremaster Cycle" ( Ciclo Cremaster). São cinco videos alternados, filamdos entre 1994 e 2002, apresentados por ordem de importância e não cronológica.

"Originalmente organizado pelo Museu Solomon R. Guggenheim de Nova York, o “Ciclo Cremaster” reúne desenhos, esculturas, fotos, objetos e a projeção de cinco filmes (na seqüência de sua filmografia, Cremaster 4, 1, 5, 2 e 3), onde performances de mágicos e fadas, travestis, reis, esportistas, corredores, estrelas, gângsteres e criaturas híbridas são apresentados através de um enredo que muitas vezes começa e termina no nada.

Chamam a atenção o requinte e os detalhes dos figurinos, a escolha e a adaptação das locações dos filmes, a maquiagem dos atores, suas performances atléticas e muitas vezes inimagináveis, a construção e a metamorfose de alguns corpos e objetos, entre outras surpresas que tanto os filmes quanto a exposição projetam. Não menos surpreendentes são os objetos construídos com sal, tapioca, mel, vaselina, geléia de petróleo, vinil e próteses plásticas que fazem parte do cenário dos filmes e que são apresentados na exposição.


Em seu âmago, o “Ciclo Cremaster” objetiva a construção de uma mitologia para o novo milênio, baseada na figura retórica do oxímoro, ou seja, na construção de idéias opostas que se fundem em uma unidade impossível, sem caminhar para a síntese. Assim, Barney elabora uma literatura fantástica, fundada na (des) construção de organismos-personagens-heróis polimórficos que habitam uma terra de ninguém -seus cenários ou sua cosmologia- em uma narrativa anti-racional, ou seja, que não se fecha.

Segundo a curadora Nancy Spector, as criaturas de Barney são inspiradas em sua experiência anterior como esportista e seguem a filosofia de que a forma só pode tomar uma configuração ou mutar quando resiste contra uma força oposta. Assim, um dos conceitos de seu trabalho é ultrapassar os limites do corpo através do treino físico, em uma pressão atlética e narcisística de poder, da realização daquilo que é impossível fisicamente. O corpo é, para o artista, tanto órgão de reprodução, quanto instrumento esculturável.

Matthew Barney, com máscara de um de seus personagens  do Ciclo Cremaster


Vertentes da arte contemporânea - Performance

Performance - trecho
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais

“Forma de arte que combina elementos do teatro, das artes visuais e da música. Nesse sentido, a performance liga-se ao happening (os dois termos aparecem em diversas ocasiões como sinônimos), sendo que neste o espectador participa da cena proposta pelo artista, enquanto na performance, de modo geral, não há participação do público.”

Performance " Folíngua"

Performance do artista Otto Muehl

Vertentes da arte contemporânea - Body Arte

Body arte da artista australiana Emma Hack
Body arte

A body art, ou arte do corpo, designa uma vertente da arte contemporânea que toma o corpo como meio de expressão e/ou matéria para a realização dos trabalhos, associando-se freqüentemente a happening e performance. Não se trata de produzir novas representações sobre o corpo - encontráveis no decorrer de toda a história da arte -, mas de tomar o corpo do artista como suporte para realizar intervenções, de modo geral, associadas à violência, à dor e ao esforço físico.

Tatuagens, ferimentos, atos repetidos, deformações, escarificações, travestimentos são feitos ora em local privado (e divulgados por meio de filmes ou fotografias), ora em público, o que indica o caráter freqüentemente teatral da arte do corpo. Bruce Nauman (1941) exprime o espírito motivador dos trabalhos, quando afirma, em 1970: "Quero usar o meu corpo como material e manipulá-lo".




Emma Hack


Escolher um nome a dar à profissão da australiana Emma Hack é tarefa difícil. Ela auto-intitula-se artista corporal, designação que se aplica bastante bem atividade que desenvolve: pintar corpos humanos. Não apenas meras tatuagens mas visões de ilusão, criatividade, beleza e humor. Atualmente, a artista é mundialmente famosa e os seus trabalhos são requisitados por diversas empresas multinacionais para as suas campanhas publicitárias. E Emma diverte-se imenso com o que faz.

Entre os seus trabalhos contam-se calendários, desfiles de moda, anúncios e publicidade editorial ou espetáculos teatrais, com destaque para a caracterização dos artistas do famoso Cirque du Soleil, e muitas das pinturas que faz destinam-se também a trabalhos fotográficos. A mais recente criação de Emma Hack chama-se Oriental Delights e consiste numa combinação de corpos nus pintados sobre fundos de papel de parede com diversos motivos e animais à mistura.

Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2008/06/emma_hack_body.html#ixzz1ZdN7f5Sb

Bloco Final - Arte Contemporânea

Arte Contemporânea   
Definição
            Os balanços e estudos disponíveis sobre arte contemporânea tendem a fixar-se na década de 1960, sobretudo com o advento1 da arte pop e do minimalismo, um rompimento em relação à pauta moderna, o que é lido por alguns como o início do pós-modernismo. Impossível pensar a arte a partir de então em categorias como "pintura" ou "escultura". Mais difícil ainda pensá-la com base no valor visual, como quer o crítico norte-americano Clement Greenberg. A cena contemporânea - que se esboça num mercado internacionalizado das novas mídias e tecnologias e de variados atores sociais que aliam política e subjetividade2 (negros, mulheres, homossexuais etc.) - explode os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a experiências culturais díspares3. As novas orientações artísticas, apesar de distintas, partilham um espírito comum: são, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia. As obras articulam diferentes linguagens - dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. -, desafiando as classificações habituais, colocando em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. Interpelam4 criticamente também o mercado e o sistema de validação da arte.
Tanto a arte pop quanto o minimalismo estabelecem um diálogo crítico com o expressionismo abstrato5 que as antecede por vias diversas. A arte pop - Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg e outros - traduz uma atitude contrária ao hermetismo6 da arte moderna. A comunicação direta com o público por meio de signos e símbolos retirados da cultura de massa e do cotidiano - histórias em quadrinhos, publicidade, imagens televisivas e cinematográficas - constitui o objetivo primeiro de um movimento que recusa a separação arte e vida, na esteira da estética anti-arte dos dadaístas e surrealistas. Trata-se também da adoção de outro tipo de figuração, que se beneficia de imagens, comuns e descartáveis, veiculadas pelas mídias e novas tecnologias, bem como de figuras emblemáticas do mundo contemporâneo, a Marilyn Monroe de Andy Warhol, por exemplo. A figuração é retomada, com sentido inteiramente diverso, nos anos 1980 pela transvanguarda7, no interior do chamado neo-expressionismo internacional. O minimalismo de Donald Judd, Tony Smith, Carl Andre e Robert Morris, por sua vez, localiza os trabalhos de arte no terreno ambíguo entre pintura e escultura. Um vocabulário construído com base em idéias de despojamento8, simplicidade e neutralidade, manejado com o auxílio de materiais industriais, define o programa da minimal art. Uma expansão crítica dessa vertente encontra-se nas experiências do pós-minimalismo, em obras como as de Richard Serra e Eva Hesse. Parte da pesquisa de Serra, sobretudo suas obras públicas, toca diretamente às relações entre arte e ambiente, em consonância9 com uma tendência da arte contemporânea que se volta mais decididamente para o espaço - incorporando-o à obra e/ou transformando-o -, seja ele o espaço da galeria, o ambiente natural ou as áreas urbanas. Preocupações semelhantes, traduzidas em intervenções sobre a paisagem natural, podem ser observadas na land art de Walter De Maria e Robert Smithson. Outras orientações da arte ambiente se verificam nas obras de Richard Long e Christo.
Se os trabalhos de Eva Hesse não descartam a importância do espaço, colocam ênfase em materiais, de modo geral, não rígidos, alusivos à corporeidade e à sensualidade. O corpo sugerido em diversas obras de E. Hesse - Hang Up, 1966 - toma o primeiro plano no interior da chamada body art. É o próprio corpo do artista o meio de expressão em trabalhos associados freqüentemente a happenings10 e performances11. Nestes, a tônica recai, uma vez mais, sobre o rompimento das barreiras entre arte e não-arte, fundamental para a arte pop, e sobre a importância decisiva do espectador, central já para o minimalismo. A percepção do observador, pensada como experiência ou atividade que ajuda a produzir a realidade descoberta, é largamente explorada pelas instalações. Outro desdobramento direto do minimalismo é a arte conceitual, que, como indica o rótulo, coloca o foco sobre a concepção - ou conceito - do trabalho. Sol LeWitt em seus Parágrafos sobre Arte Conceitual (1967), esclarece: nessas obras, "a idéia torna-se uma máquina de fazer arte". É importante lembrar que o uso de novas tecnologias - vídeo, televisão, computador etc. - atravessa parte substantiva da produção contemporânea, trazendo novos elementos para o debate sobre o fazer artístico.
Os desafios enfrentados pela arte contemporânea podem ser aferidos na produção artística internacional. Em relação ao cenário brasileiro, as Bienais Internacionais de São Paulo ajudam a mapear as diversas soluções e propostas disponíveis nos últimos anos. Na década de 1980, a exposição Como Vai Você, Geração 80?, no Parque Lage, Rio de Janeiro, e a participação dos artistas do Ateliê da Lapa e Casa 7 na Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, evidenciam as pesquisas visuais.
Retirado de: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais – Arte Contemporânea
Vocabulário:
1.            Advento: chegada.
2.            Subjetividade: qualidade do que é subjetivo; que se passa exclusivamente no espírito.
3.            Díspares: diferentes.
4.            Interpelam: citam.
5.            Expressionismo abstrato: movimento artístico americano, originado no Pós guerra. Combina a intensidade emocional do expressionismo alemão com a estética antifigurativa.
6.            Hermetismo: difícil de compreender.
7.            Transvanguarda: movimento artístico italiano que retoma o classicismo, com temas como heróis, minotauro, ciclopes. Neste movimento, o artista é livre para transitar pelos movimentos anteriores.
8.            Despojar: desapossar.
9.            Consonância: concordância.
10.         Happening: ação artística planejada, improvisação que nunca se repete.
11.         Performance: ação artística que envolve artes visuais, cênicas e sonoras. Muito elaborada, não necessita de público para sua realização.

Arte Kadiwéu -Imagens