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| Cena da obra " Cremaster 1", do Ciclo Cremaster, do videoartista americano Matthew Barney |
O vídeo e a televisão entram com muita força no trabalho artístico, freqüentemente associados a outras mídias e linguagens. Cada vez mais as obras articulam diferentes modalidades de arte como dança,música, pintura, teatro, escultura, literatura, desafiando as classificações habituais, questionando o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte.
A introdução do vídeo nesse universo traz novos elementos para o debate sobre o fazer artístico.
Matthew Barney
O artista americano Matthew Barney é, sem dúvida, um dos maiores ícones da videoarte. Ele criou um ciclo de videos denominado " The Cremaster Cycle" ( Ciclo Cremaster). São cinco videos alternados, filamdos entre 1994 e 2002, apresentados por ordem de importância e não cronológica.
"Originalmente organizado pelo Museu Solomon R. Guggenheim de Nova York, o “Ciclo Cremaster” reúne desenhos, esculturas, fotos, objetos e a projeção de cinco filmes (na seqüência de sua filmografia, Cremaster 4, 1, 5, 2 e 3), onde performances de mágicos e fadas, travestis, reis, esportistas, corredores, estrelas, gângsteres e criaturas híbridas são apresentados através de um enredo que muitas vezes começa e termina no nada.
Chamam a atenção o requinte e os detalhes dos figurinos, a escolha e a adaptação das locações dos filmes, a maquiagem dos atores, suas performances atléticas e muitas vezes inimagináveis, a construção e a metamorfose de alguns corpos e objetos, entre outras surpresas que tanto os filmes quanto a exposição projetam. Não menos surpreendentes são os objetos construídos com sal, tapioca, mel, vaselina, geléia de petróleo, vinil e próteses plásticas que fazem parte do cenário dos filmes e que são apresentados na exposição.
Em seu âmago, o “Ciclo Cremaster” objetiva a construção de uma mitologia para o novo milênio, baseada na figura retórica do oxímoro, ou seja, na construção de idéias opostas que se fundem em uma unidade impossível, sem caminhar para a síntese. Assim, Barney elabora uma literatura fantástica, fundada na (des) construção de organismos-personagens-heróis polimórficos que habitam uma terra de ninguém -seus cenários ou sua cosmologia- em uma narrativa anti-racional, ou seja, que não se fecha.
Segundo a curadora Nancy Spector, as criaturas de Barney são inspiradas em sua experiência anterior como esportista e seguem a filosofia de que a forma só pode tomar uma configuração ou mutar quando resiste contra uma força oposta. Assim, um dos conceitos de seu trabalho é ultrapassar os limites do corpo através do treino físico, em uma pressão atlética e narcisística de poder, da realização daquilo que é impossível fisicamente. O corpo é, para o artista, tanto órgão de reprodução, quanto instrumento esculturável.



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